O frio de 8°, a forte neblina, que por vezes
encobria totalmente o caminho, nos fazendo ver as curvas somente quando já
estávamos começando a fazê-las e algumas rajadas de vento não foram grandes
obstáculos na primeira metade do audax 100. Curti o céu estrelado, as luzes
psicodélicas das partes refletivas das roupas de quem estava a frente, a
companhia dos participantes, o café animador na parada da chácara, a geada no
amanhecer, o túnel verde de Vera Cruz, a bela paisagem de inverno na cascata do
Frank e as rápidas aparições do fantasma.
A partir do km 60, o lado desafiador e de superação
do audax apareceu. Tentava continuar apreciando o que surgia pelo trajeto, mas
as dores pelo corpo e a insistente pergunta 'para que sofrer deixe jeito?' não
deixavam. O ritmo da caminhada caiu, e a distância em relação ao pelotão que
era entre 150 e 200 metros, mais que triplicou. O que me fez não desistir
naquele momento era saber que o km 75 estava próximo, e completá-lo já seria um
grande feito.
Cheguei nessa marca uns 10 minutos aquém do
previsto. A disposição do pelotão em prosseguir e a massagem recuperadora feita
pelo fisioterapeuta me fizeram continuar. Mesmo almoçando rápido, saí uns bons
minutos depois dos outros e não conseguia mais vê-los na estrada. Tive então
que caminhar sozinho. Me concentrei na planilha e sabia que conseguiria
terminar se andasse 5 quilômetros por hora, nem que para isso fosse preciso
encurtar ao máximo as paradas. Se tivesse que correr, teria que ser no final.
Lembrava também que tinha concluído todos os outros audax e caminhadas de longa
distância que participei. No km 85 enquanto chegava para a parada, o pessoal
saía. Embora não conseguisse alcançá-los, encurtar a distância animou bastante.
O incentivo do carro de apoio e dos ciclistas ( Grupo Santa Ciclismo) que
passaram foi excelente combustível motivacional. Por outro lado, as subidas e o
cansaço tornavam difícil manter o objetivo de 5 km por hora.
Na última parada, a uns 6 km do final, a distância
em relação aos demais era a maior desde o inicio e o ritmo tinha que ser forte
para concluir no tempo. Busquei as últimas forças para caminhar no ritmo. E
para não ter problema com o horário corri o último quilometro e meio. Novamente
o incentivo de um ciclista (Martin Pancke) que acompanhou a corrida foi vital.
A 200 metros do fim uma bolha no pé direito estourou e cada pisada doía muito.
Avistei o pelotão e enfim o desafio terminara. Só não chorei para não fazer
feio na premiação.
Depois de uma semana e uma lenta recuperação, fica
a satisfação de ter participado de um grupo audacioso, que se preparou por
meses e que superou os seus limites.
Marcio S.
Skrabe
O que esta entre os parênteses
no texto acima são acréscimos meus;
O Marcio esqueceu de
acrescentar que esteve acompanhado da resistente
namorada, Liliane Todeschini, até o km 75 do brevet e após a desistência seguiu
no carro de apoio.
Ambos estão de
parabéns.
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