Relato Audax Caminhada 50 km Santa Maria
Largada a 1:30 do dia 28 de janeiro
Existe uma regra, nos brevets Audax de ciclismo, que diz que devem ser realizados preferencialmente entre o nascer e o por do sol, mas o brevet é de caminhada e estamos no verão com dias quentes. Nada mais correto do que aproveitar o clima fresco da madrugada, ainda mais se o percurso a ser caminhado no escuro é quase exclusivamente urbano e iluminado.
Largada na Academia Sadhana em Camobi durante uma madrugada de clima muito agradável e com céu estrelado. No inicio onze caminhantes, mas alguns fariam apenas o primeiro percurso de 25 km brevetando neste brevet. O percurso seguiu em direção ao centro até a praça e depois em direção a rodoviária, onde foi realizado a primeira parada e PC (12,20 km 20 minutos de parada). Antes da parada prevista a minha esposa quis visitar o Mac Donalds, não para comprar hambúrguer, mas para tirar a água do joelho ( este pode ser um problema no percurso urbano ). O Nelcy Madruga ( Sr Madruga)me acompanhou na espera e ajudou a nos levar no caminho certo até o ponto de parada. Este é o espírito do Audax, o de solidariedade. Logo no inicio foram mais de 2h de caminhada ininterrupta. A parada na rodoviária deu tempo de alongar, visitar o WC, reabastecer a água e também tomar um café e comer um pão seco de queijo.
Depois do PC um retornamos cruzando em frente ao Hipermercado onde estavam duas senhoritas bêbadas em um carro estacionado, uma gritou: “legal, caminhem por mim”. Não pude deixar de responder: beba por mim!. O pessoal da madrugada na ruas da região estava divertido. Em frente a um Fast Food Sub... duas moças, segurando lata de cerveja, queriam saber o que era aquela caminhada. Três rapazes, que não estavam bêbados, perguntaram o que era aquela caminhada, alguém respondeu que era um desafio de 50 km e eles iniciaram caminhada atrás do grupo. Um destes segurava um violão e eu disse: para participar tem que ser tocando e cantando. Dito e feito, este foi o primeiro Audax Serenata de 200 metros. Os três seguiram caminhando e cantando com a gente o que foi muito divertido, pena que foi apenas por algum tempo.
Descemos um trecho escuro até a RS-287 e logo depois seguimos na 158 em direção a Camobi. O trecho foi o mais perigoso do percurso, principalmente na travessia logo após o movimentado trevo. Havia levado as tornozeleiras refletivas, o Capitão de Rota e mais o Alexandre estavam utilizando colete refletivo e alguns utilizavam lanternas de cabeça. A esposa do Alam, que fez o apoio durante o brevet, seguia com o carro atrás do grupo iluminando a estrada e aumentando a segurança. OBS: carro iluminando a estrada não é permitido nos brevets Randonneur de ciclismo, mas nos brevets de caminhada não existe este tipo de proibição pois cada um deve mover-se com as próprias pernas.
Na Academia completamos os 25 km às 6h da manhã. Novamente realizamos um percurso de mais de 2h de caminhada ininterrupta. O pessoal do brevet de 25 km recebeu as medalhas e sumiu. O pessoal do brevet 50 ficou para aproveitar 60 minutos de descanso. Tempo para tomar um café, comer algumas frutas, alongar, reidratar, deitar alguns minutos, trocar de tênis e meias...
Reiniciamos a caminhada com a chegada do dia e o nascer do sol estava formando uma bela imagem iluminando as nuvens. Cruzamos em frente a Base Aérea onde tem uma monumento avião e um outro ao desperdício do dinheiro. Seguimos na 287 em direção a Candelária e Santa Cruz do Sul. Deu vontade de fazer este percurso de retorno para casa caminhando, mas em mais de um dia é claro. Mais um percurso perigoso, principalmente nas pontes onde o acostamento, antes e depois, esta tomado por mato e é preciso pular para alcançar a mureta destinada aos pedestres. Sempre vinha veiculo quando estávamos em cima de ponte. Chegamos na “Entrada Palma”, que leva em direção a Silveira Martins, 8 km depois e seguimos na direção norte com vento e sol nas costas. A paisagem mudou e fiquei animado com a possibilidade de fazer mais algumas fotos, apesar de sempre me atrasar devido a isto. Em frente a uma casa os cachorros assustaram um gambá que subiu em um arbusto onde ficou me esperando para a foto. Algumas casas abandonadas e casarões antigos foram o alvo da lente. O sol estava quente e trouxe o calor, que esquentou também o asfalto e tudo começou a ficar mais difícil.
Seguimos em estrada a esquerda em direção a bonita localidade de Arroio Grande. A estrada mais baixa e sem vento fez o calor aumentar. A Maria Alice que estava com dores ficou mais atrás no grupo, Alexandre ficou para ajudar. Foi o espírito de solidariedade. OBS-1: nos brevets de Audax Ciclismo existe a obrigação de quando um ciclista tem dificuldade e perde o pelotão, outro deve ficar para ajudar. Nos brevets de caminhada não existe esta exigência e um participante pode seguir sozinho. OBS-2:Nos brevets de ciclismo o ciclista atrasado tem o tempo da parada no próximo ponto para recuperar o pelotão, nos de caminhada o tempo é de 14minutos e 59 segundos. Para entender o porquê deste tempo, leia a história do Audax Marcha.
Chegamos ao bar em Arroio Grande, local do PC, com alguns minutos de atraso que foram reduzidos do tempo de parada. Caminhamos mais de 3 horas ininterruptas até este PC. No PC tive tempo de repor a água, ir ao WC, lavar o rosto e molhar cabeça, tomar um refri e comprar uma paçoquinha. Por falta de tempo alonguei apenas uma perna e sai com dores na outra! O mesmo me disse o Sr Madruga que não teve tempo de alongar. O Alam para ajudar a Maria Alice, que não queria desistir, o Alam saiu alguns minutos antes logo após a sua chegada. OBS-3: Quando o capitão Alam saiu antes ele e Maria, passaram a ser o primeiro pelotão e estavam alguns minutos a nossa frente no tempo certo da prova. Seguindo regulamento os demais ( atrasados!) teriam até 14 minutos e 59 segundos a mais para chegar no ponto final do brevet no km 50.
A desvantagem do asfalto no verão durante o dia é o calor que tornou o final difícil. A minha esposa que estava com dores, me disse: “nunca mais venho nestas loucuras, não precisa nem me convidar”. Eu não pude segurar a gargalhada. Ela sempre me relembrava quando retornava de algum brevet longo e difícil dizendo: não vou mais. Agora quem estava dizendo isto não era eu!
O ultimo trecho foi de 7,5 km a ser caminhado em 75 minutos. Caminhavamos cerca de 300 metros atrás do Alam e com cerca de 3 minutos de atraso. Seria possível buscar os dois, mas praticamente todos estavam enfrentando algum problema. Quase no final apurei o passo e fui chegando mais próximo. A travessia do RS 287 atrasou um pouco os participantes. Completei os 50 km exatos com uns 100 metros e 2 minutos de atraso alem do tempo do Alam. Fiz uma foto do GPS e ainda vou estudar como transferir as informações para o micro. Os demais chegaram logo depois.
A premiação foi na piscina com gelo onde fiquei com os pés por 7 minutos.
O retorno para casa dirigindo, mesmo depois de mais uma taça de café, foi com muito sono. O descanso foi depois de um bom e analgésico banho.
Foi muito boa a experiência de mais este brevet de caminhada, muito bom rever alguns já conhecidos participantes. Parabéns ao Alam e esposa pela organização. Possivelmente teremos em fevereiro um brevet de 75 km em Santa Maria. O de 100km a data será confirmada assim que possível.
Luiz Maganini Faccin
29 de janeiro de 2012.
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