sexta-feira, 13 de março de 2009

Relato brevet 100 km

Audax 100 km
Primeiro brevet Formula Audax realizado no Brasil

Para min este brevet iniciou em agosto de 2008, foi quando iniciei a tradução dos regulamentos e também entrei em contato com a Union Des Audax Français (UAF).
Para a realização de um Audax no Brasil foi necessário primeiro marcar um brevet no calendário.
Para organizar o brevet eu precisei muito mais do que fazer traduções, mas interpretar o regulamento, descobrir situações que não estavam previstas neste regulamento. Imaginava cada detalhe e, se fosse o caso, tirava as duvidas com o Bruno que é o responsável pelos brevets ciclismo da UAF. Também tive a oportunidade de trocar e-mails com o Jorge Martins que é ex-Capitão de Rota Audax.
Fui nomeado Delegado Regional da Union Des Audax Français para o Brasil e fiquei com a responsabilidade de iniciar a realização dos brevets Audax , ou seja, criar a Union Des Audax Bresilien ( União dos Audax no Brasil).
Descobri muita coisa e aprendi bastante, mas trabalhei muito para plantar esta primeira semente.

O brevet 100 km foi uma incógnita. Não tinha certeza a reação dos ciclistas a esta novidade. As reações foram diversas:
Porque pedalar o brevet de 100 km se eu já pedalei o de 200;
Somente 100 km, já estou acostumado a pedalar mais de 200;
Não consigo pedalar a 22,5 km/h;

Largamos na UNISC às 8 horas conforme o previsto. Antes da largada não podia faltar a foto do primeiro pelotão Audax do Brasil. Dois ciclistas largaram 6 minutos atrasados porque a bicicleta de um deles estava com o pneu furado. Pedalaram forte na subida a buscaram o pelotão na descida das 7 curvas.
Logo no inicio o primeiro desafio para o brevet. O pelotão tinha que superar uma subida de mais de 3 km. Escolhi o percurso mais plano possível para este brevet, até havia pensado em eliminar também esta subida do percurso. No brevet de 200 não teria como fazer outro percurso 100 % plano, então que tenha subida logo no inicio.
O Capitão de Rota para a primeira metade do percurso foi o Antonio Carlos Manfredini Rigone. Estava tudo combinado em relação ao ritmo do brevet e a média. Como tivemos apenas um pelotão eu pude pedalar também. Enquanto o Rigone estava na frente, eu e o Trevisan estávamos fechando o grupo.
Na primeira subida, a mais difícil do brevet, já empurrei alguns ciclistas. O meu medo era que o pelotão se espalhasse logo no inicio. No final da subida o pelotão já iniciava a pedalada a mais de 25 km/h na descida, mas haviam ciclistas que ainda estava subindo. È aquele ponto do percurso de uma competição que os lideres tentam deixar os mais cansados para trás, mas neste caso não era competição e poucos sabem destes detalhes.
O Rigone pedalava no ritmo programado, fui até ele e avisei para segurar o ritmo, até o sinal do apito que só seria realizado quando o pelotão estivesse unido. O apito não está no regulamento, mas eu havia pensado em quase tudo.
Pelotão unido, seguimos a descer com vento a favor. Para ir estava realmente fácil de pedalar a 22,5 km/h.
A policia rodoviária colocou uma viatura seguindo o pelotão o que deu muito mais segurança para o evento. Agradecimento especial ao capitão Leandro. Já percebi um ponto positivo deste tipo de brevet, antes mesmo de começar a pedalar, foi quando conversei com o capitão e percebi a tranqüilidade, talvez alivio, quando avisei que seria em uma nova modalidade pedalada em grupo. Um uma ponte os policiais seguraram o transito e pudemos realizar a travessia tranquilamente, me senti na Europa novamente. O Miguel, que estava com o carro, pode ficar mais livre para fazer fotos e alguns vídeos do brevet.
No inicio o pelotão estava ½ inseguro, os ciclistas ficavam subindo e descendo da pista para o acostamento e alguns estavam pedalando muito juntos. Conversei com o Zappe que me deu algumas sugestões e ordenei aos ciclistas para pedalarem apenas no acostamento e com mais cuidado. A partir disto foi mais tranqüilo.
Quando estávamos quase chegando na entrada para Mariante furei o pneu traseiro da bike. O Trevisan ficou comigo e parei rapidamente, enchi e seguimos. Alcançarmos o pelotão em baixo da ponte, quase chegando no PC. Alguém tinha que furar um pneu, ainda bem que foi somente eu. Na parada de 15 minutos tive tempo de trocar a câmara de ar, lavar as mãos e passar protetor solar, antes do Trevisan apitar avisando que faltavam 2 minutos para sairmos. Quem não teve que trocar pneu pode até comer pastel e conversar um pouco, mas sem muitas demoras.
Pelotão na estrada e Roberto Trevisan de Capitão de Rota. O vento estava contra, mas não da para reclamar, melhor agradecer as nuvens que escondiam o sol quente e que deixavam o clima bem agradável.
Eu e o Udo viemos na retaguarda do pelotão garantindo o empurrão para os ciclistas cansados.
O Trevisan fez uma pedalada de retorno o mais regular possível, sempre pedalando o mais próximo da média de 22,5 km/h. Teve ciclista cansado que queria pedalar mais rápido na descida para aproveitar o embalo. Isto trouxe mais riscos para os demais que muitas vezes eram ultrapassados por alguém pedalando em cima da pista.
Faltava ao pelotão uma uniformidade na sinalização dos avisos de perigo. O Arthur comentou que parecia uma escola de samba. O Trevisan apitava lá na frente e o pessoal levantava o braço lá atrás, mas ninguém conseguia entender o que significava braço erguido depois de um apito. Isto será um ponto a ser melhorado, vou definir algumas regras neste sentido e divulgar dicas para se pedalar em pelotão.
Ultima subida e a mais longa, mas sem tanta inclinação.
O pelotão subiu a aproximadamente 14 km/h, mas teve ciclistas que ficaram para trás. Descida de 3 km freando a bike e andando lento. O objetivo de andar lento foi evitar acidentes com um pelotão andando muito rápido. Os ciclistas retardatários foram descendo mais embalados e se juntaram ao pelotão que chegou na UNISC exatamente no horário combinado. Uma dupla de ciclistas, e um trio, chegaram alguns minutos depois e todos completaram o primeiro brevet Audax 100 km do Brasil.

Logo depois realizei a entrega das medalhas e certificados aos 27 brevetados do Audax 100 km. Todos, e somente estes, estão classificados para o brevet Audax 200 km do dia 27 de setembro de 2009.

Outras possibilidades existiam para o brevet de 100 km.
Em um brevet de 100 km a média pedalada pode ser de 20 km/h, mas no brevet seguinte e em todos os demais, a media é de 22,5.
Poderia realizar uma parada de mais de 15 minutos no PC de retorno, mas resolvi usar o tempo indicado. Desta forma o brevet foi pedalado no mesmo ritmo que um Paris Brest Paris Audax.


O importante mesmo não é a opinião de quem nunca pedalou um brevet Audax, mas de quem pedalou. Como alguém pode dizer que gosta de uma fruta, sem nunca ter experimentado.
Fiquei feliz por termos um bom numero de ciclistas participantes. Pode parecer pouco 27, mas o suficiente para completar um único pelotão. Apenas um pelotão foi bem importante e facilitou a organização do brevet , evitando algumas das possíveis dificuldades, que deverão aparecer nos primeiros brevets com vários pelotões. Estes 27 são os verdadeiros Audaxiosos do Brasil.
Audax não é diferente do Randonnée apenas na maneira de pedalar, mas na maneira de pensar.


Agradecimentos:
UNISC
Faccin Bicicletas Ltda
Miguel Lawish
Bruno- UAF
Jorge Martins
Ciclistas participantes
Agradecimento especial Policia Rodoviária Estadual e capitão Leandro Amborgast

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