Data: 29 de novembro de 2009.
Primeiro brevet Audax 150 km do Brasil
Não poderia deixar de escrever o meu relato deste evento inédito.
Este seria um brevet com poucos participantes, apenas um pelotão, mas o objetivo do Audax é ser um evento com mais segurança e com mais integração entre os participantes. O objetivo não é realizar nega eventos com centenas de ciclistas. A média de 22,5 km/h assusta alguns ciclistas. A subida da serra assustou outros, mas o que mais roubou participantes do evento foram outros eventos paralelos realizados na região e que haviam sido transferidos devido as chuvas nas semanas anteriores. Tudo isto não poderia ter sido melhor pois tivemos um evento com mais segurança e tranqüilidade.
Estava a 4 meses sem pedalar e na semana anterior ao brevet eu pedalei apenas 57 km. Mesmo assim resolvi participar com a bike single speed.
O brevet iniciou com a reunião técnica realizada na noite do dia anterior. Reunião descontraída e com um grupo preocupado em entender o percurso e o regulamento. Fomos discutindo o trajeto e as duvidas, o que deu um resultado muito positivo. Eu alem de poder contribuir, pude aprender com as duvidas de outros ciclistas. Só o Isac que estava com febre e sob efeito de algum medicamento e estava delirando nas idéias loucas!! Muito bom o bate papo da reunião.
Depois da reunião fomos para a janta, lá mesmo na Casa de Retiro. Muito bom o risoto servido.
Depois da janta, acho que o graxa ainda estava jantando, quando iniciei a entrega dos certificados recebidos da França, para os ciclistas que concluíram a Fleche Santa Ciclismo de 2009. A fleche é o evento ACP mais semelhante a um Audax pois os ciclistas das equipes devem pedalar juntos. Acho que o momento foi apropriado para está premiação,. Mais um momento com brincadeiras e pena que todos os participantes não puderam estar presentes.
De manhã, após o café, o desafio foi ir até o Clube Dores, sem conhecer bem o percurso. A escuridão e a neblina ajudaram a aumentar o desafio, mas com uma boa memória para lembrar as dicas do pessoal da Casa de Retiro e um pouco de sorte nem foi tão difícil.
A largada no horário definido e o primeiro km de neutralizado no paralelepípedo. Os primeiros quilômetros foram em percurso urbano, mas o apoio da Guarda Municipal e da Policia Rodoviária Federal, estava perfeito e o transito era exclusivo para os ciclistas do pelotão. Com 5 km percorridos, já tinha ciclista fazendo cara de sofrimento para pedalar, imagina para pedalar 150!
Logo depois iniciamos a subida da serra que é suave e não senti dificuldades para pedalar sem câmbios, até subi conversando com a Simone e o Edimar. Nesta subida pude conhecer a famosa “Garganta do Diabo” que não é uma garganta e nem é do diabo. Confesso que fiquei um pouco decepcionado, pois de tanto escutar histórias do local, eu imaginava algo bem exagerado, mas é um local bem bonito. Alguns ciclistas perderam o pelotão na subida e outros logo depois com o vento contra.
O pelotão seguiu em um ritmo de pouco mais de 23 km/h e muitos tiveram dificuldade para alcançar o pelotão. Ajudei alguns quando possível, mas outros não se ajudam.
Chegamos no PC-1 e ficamos 19 minutos parado. O Isac, que era o capitão que assumiria a ponta, havia ficado mais para trás ajudando alguns retardatários e isto causou um pequeno atraso de 4 minutos. Alguns chegaram no PC no momento em que o pelotão estava na relargada. Pedalamos até o retorno e depois ficou mais fácil pois o vento era favorável.
Chegamos no PC-2, um bonito parque onde foi realizado o almoço que estava atrasado. Devido a este atraso resolvemos aumentar o tempo de parada para 1h e 30 minutos, ao invés do previsto de 60 minutos.
Enquanto esperávamos o almoço, eu o Dacivaldo e o Calvete resolvemos tomar um banho no lago, mas teve ciclista que usou a cascata do chafariz para se refrescar. No almoço preferi não comer muita massa a fim de não sair tão pesado e cheio.
O almoço em um Audax é uma festa a parte já que todos, ou quase todos, almoçam juntos, ao menos o do pelotão, no caso apenas um. Lembra mais um encontro de amigos do que um brevet. Depois do almoço o sol estava quente, o clima úmido e o valor forte. O capitão Oswaldo de Brasília estava sentindo o mormaço doclima úmido do sul, bem diferente do calor do DF. Isto que a temperatura estava em 32 graus, bem mais friozinho do que os 44 registrados em Santa Maria a algumas semanas antes.
Depois do almoço o percurso estava ainda mais fácil e a decida “lenta’ da serra foi comandada pelo capitão Baiano Dacivaldo a 55 km/h. Teve ciclista que perdeu o pelotão na descida, acho que estes freios a disco freiam muito! Eu que estava apenas com o freio de ferradura traseiro, tive dificuldades para reduzir a velocidade próximo da Garganta do D... Acho que agora eu entendo o porque do nome, o problema não é a altura, nem a ponte e nem a curva, mas a decida e quem está dirigindo por ali!
Chegamos novamente no percurso urbano e o Trevisan foi mais a frente avisar o Dacivaldo para segurar um pouco, pois a média estava acima dos 22,5 e o pelotão estava repartido. Voltou estressado com um ciclista que reclamava do pedido de diminuir o ritmo juntamente agora que estava ficando bom.
No Audax o importante é o grupo e não o individuo.
O andamento do pelotão é mais importante do que a vontade de cada um.
Novamente um ótimo trabalho das policias. O calor estava grande e os policiais de moto e farda já deviam estar mais cansado do que nós. Um deles disse para apurar que na chegada havia um caixa de cerveja gelada esperando a gente. Cerveja não tinha., se tivesse eu não iria beber, pois logo depois iria para Santa Cruz do Sul dirigindo. Mesmo que tivesse e eu não fosse dirigir, preferia um idrotonico. Cerveja não tinha mesmo, mas água e hidrotônico ( será hidropônico, ou isopropilico) gelado e sanduíche tinha.
Ultimo retorno e assumi como capitão de rota e vinha controlando a media facilmente com um giro de passeio. O ciclista nervoso voltou a reclamar:
Uma bicicleta da alta tecnologia para pedalar a 19 km/h!
Eu respondi:
É por isto que eu não estou usando cambio e você deveria vir sem cambio também.
Sem Cambio? AH! Ai não dá!
Então você tem que pedalar as provas da federação e daí sim utilizar toda a tecnologia da bike a toda a capacidade do piloto.
As provas da federação não tem como!
Então ainda restam os brevets Randonnée de andamento livre porque o Audax a média é sempre a mesma, mas ainda acho que seria interessante você tentar um brevet de mais distancia e ficar o dia todo pedalando assim.
O ciclista possivelmente estava cansado, porem ainda não havia percebido pois as pernas não estavam doendo. Este foi um exemplo, mas nunca havia identificado tão nitidamente a diferença entre os ciclistas com melhores e os demais.
Nos brevets de andamento livre, muitas vezes acontece de um ciclista mais rápido estar pior do que um ciclista mais lento, mas isto não fica visível. No Audax, quando todos estão quase juntos, as condições físicas e experiência da cada um fica bem visível. Eu me senti com uma superioridade técnica muito grande em relação a alguns ciclistas novatos. Não que eu estivesse tão bem fisicamente, mas eu sabia o que estava fazendo e o que precisava fazer e como estava fazendo. A vantagem é que os mais experientes podem ajudar os mais novatos, o que nem sempre é possível em um brevet de andamento livre.
Não senti tanto o calor pois estava usando camisa com proteção solar ( cada dia mais indispensável) e mochila de hidratação. O que faltou foi o bloqueador solar para o rosto, o que esqueci de pegar, mas sempre consegui filar um pouco de alguém ( estou devendo ½ tubo para o Eduardo Molinos).
Chegada, premiação um bom banho gelado e mais um brevet conquistado.
O pensamento já está no próximo brevet da série que será o de 2010 km a ser realizado também em Santa Maria.
A expectativa de pedalar os brevets mais longos de 400 e 300 km no segundo semestre de 2010.
Parabéns ai Julio por este excelente brevet e parabéns aos capitães de rota que exercem função importante em todos os brevets Audax.
Fotos e mais informações no Blog: Audax Santa Maria
Luiz Maganini Faccin
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